O que precisa de saber sobre o GNV

O gás natural é uma mistura gasosa composta essencialmente de metano e em quantidades muito menores de outros hidrocarbonetos. Pequenas quantidades de gases inertes, como nitrogénio e dióxido de carbono, podem estar presentes na mistura. É extraído a partir de depósitos no subsolo em profundidades diferentes (até vários milhares de metros), em que está presente, por si só ou com outros hidrocarbonetos, a partir do qual ele é separado de extracção. Se necessário, ele é filtrado e em seguida, alimentado na rede de tubulações, pronto para uso sem tratamento adicional. Seu peso específico dependendo da origem varia na faixa: ~ 0,7 ÷ 0,8 kg / Nm³. O peso específico do ar é de cerca de 1,3 kg/Nm³, e em seguida, o gás natural é muito mais leve do que o ar, e esta é uma vantagem porque em caso de fuga irá dissipar facilmente nas camadas superiores da atmosfera, sem causar estagnação no chão. O valor calorífico do gás natural em comparação com medidor cubo gasoso, varia no campo: 33-38 MJ, em seguida, o valor médio é de cerca de 36 MJ / Nm³.
Aplicações do GNV
Como funciona o gás natural liquefeito (GNL) nos veículos pesados?
Nos veículos pesados, o GNL é armazenado a baixa pressão em tanques isolados termicamente e com capacidades que podem variar entre 174 a 511 litros.
O GNL é armazenado em estado líquido à temperatura de evaporação.
No caso da água em ebulição (100ºC), a temperatura mantém-se constante durante a mudança da fase líquida para gasosa, mesmo que se continue a fornecer calor. Isto acontece devido à evaporação. De forma análoga, o GNL mantém-se praticamente à temperatura constante (-162ºC) se for mantido a uma mesma pressão, e desde que o vapor (gás natural na fase gasosa) seja libertado do reservatório.
Assim sendo, o sistema de combustível de um veículo a GNL é constituído, fundamentalmente, por um reservatório, um vaporizador em que o fluído secundário é o líquido de refrigeração do motor, e um indicador de nível do reservatório. O sistema está configurado para receber e armazenar GNL, e fornecê-lo ao motor na forma gasosa.
Como funciona o gás natural comprimido (GNC) nos veículos ligeiros?
A única diferença entre um veículo a gasolina e um veículo a GNC é o sistema de combustível:
- O GNC é injetado no veículo através de uma válvula que o conduz até aos cilindros de armazenamento;
- Nestes cilindros, o gás é armazenado inicialmente a cerca de 200 bar. A medida que o gás é consumido, a pressão vai descendo, sendo que abaixo dos 15 bar torna-se necessário reabastecer;
- Se o veículo for bi-fuel, no tablier tem de estar instalado um comutador que permite ao condutor a seleção entre gás natural e gasolina. Quando o condutor seleciona o gás natural, este deixa os cilindros e flui através de tubagem rígida para alta pressão, até ao compartimento do motor;
- O gás acede ao regulador de pressão, dispositivo que reduz a pressão para valores que permitam vencer as perdas de carga até à admissão do motor (a pressão próxima da atmosférica);
- A saída do gás do regulador de pressão para o sistema de injeção é controlada por uma electroválvula. Esta também suspende o fluxo de gás, quando o condutor faz a comutação para gasolina;
- O gás natural mistura-se com o ar no sistema de injeção e entra nas câmaras de combustão.
Quais as vantagens do gás natural como combustível para o transporte?
Economia
A utilização de veículos a gás natural veicular (VGNs) proporciona uma poupança bastante significativa a dois níveis. Segundo dados da Associação Portuguesa do Veículo a Gás Natural (APVGN), na base de um litro equivalente, o gás natural custa cerca de 70% menos que o gasóleo. Por outro lado, os VGNs consomem um combustível de queima limpa, que reduz a necessidade de manutenção no que diz respeito a trocas de óleo ou velas de ignição, por exemplo.
Ambiente
O gás natural é o mais limpo dos combustíveis fósseis alternativos utilizados atualmente. As emissões de escape de dióxido de carbono dos VGNs são cerca de 20% inferiores, as emissões de hidrocarbonetos não metânicos são 80% inferiores, e as de óxidos de azoto são 40% inferiores às dos veículos movidos a gasolina. Além disso, os VGNs emitem quantidades significativamente inferiores de gases com efeito de estufa e toxinas. Ainda, não é corrosivo e não contamina os solos.
Segurança
Os VNGs são tão seguros quanto os veículos que operam com combustíveis convencionais. O excelente registo de segurança dos VGNs deve-se, fundamentalmente, à integridade estrutural do sistema de combustível e às qualidades físicas do gás natural. Os requisitos de segurança dos veículos movidos a gás natural são bastante exigentes, o que assegura ao utilizador níveis inquestionáveis de segurança.
Abundância
As reservas mundiais de gás natural equivalem a praticamente o dobro das de petróleo, segundo informações oficiais disponíveis no site Association for the Study of Peak Oil and Gas. Outro argumento de peso desta fonte energética é o facto de poder ser obtida através de sistemas extratores aplicados em lixeiras e aterros, extraindo biometano (também conhecido como biogás). O biometano pode ser transformado em gás natural e comprimido de forma a ser utilizado como fonte de energia em veículos. Desta forma, apresenta-se como uma energia renovável.
Quanto custa um veículo movido a gás natural?
Segundo a principal associação nacional de veículos movidos a gás natural (APVGN), a instalação em veículos ligeiros ronda os 2000€, sendo o valor superior para veículos pesados. Já um veículo pesado a gás natural tem um custo de cerca de 25% superior a um homólogo a gasóleo. De destacar que, apesar de em Portugal não vigorar uma tabela oficial para o gás natural comprimido, a APVGN avança com uma estimativa de 70% de poupança comparativamente ao preço por litro do gasóleo, o que remete para uma rápida recuperação do investimento inicial.
O que se pode dizer em relação à potência dos veículos?
Antigamente, os veículos a gasolina convertidos para gás natural estavam sujeitos a pequenas perdas de potência, o que já não acontece devido às centralinas eletrónicas. Já os veículos concebidos especificamente para funcionarem a gás natural não dão mostras de perda de potência porque são otimizados na origem. Para além disso, o gás natural possui um elevado índice de octano (cerca de 120), o que permite que o motor funcione com maiores taxas de compressão que os motores a gasolina (índice de octano entre 95 e 98), aumentando a potência efetiva do motor.
Existem incentivos fiscais à utilização do GNV?
O Decreto-lei no 40/93, de 18 de Fevereiro, artigo 1º, no 12 e 13, beneficia, com isenções de 50% do Imposto Automóvel (IA), os automóveis ligeiros que utilizem exclusivamente gás natural; e com isenção de 40% os que utilizam gás natural e outro combustível (bi-fuel). A legislação referida está disponível no website da Direção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo.
No contexto da UE, o que tem sido feito para promover a mobilidade GNV?
A União Europeia tem centrado esforços no projecto “Blue Corridors”. Este tem como objectivo estabelecer o gás natural liquefeito (GNL) como uma alternativa efetiva aos combustíveis convencionais para o transporte de média e longa distância. Para tal, o projeto tem definido um roteiro de postos de abastecimento de GNL, criando quatro corredores que abrangem a área do Atlântico, do Mediterrâneo e conectando o sul com o norte da Europa, o ocidente com o oriente.
